Sexualidade Feminina Pós maternidade

Essas palavras precisam ecoar no seu peito, como uma verdade que se recusa a ser esquecida.

A maternidade é um milagre. Um ato de criar vida. Um portal entre mundos.
Mas ela não cancela a mulher.
Ela a transforma, a amplia, a torna ainda mais poderosa — mas jamais deveria apagá-la.

É perigoso o silêncio que se instala entre o ventre que gerou e o ventre que deseja.
É perigoso o esquecimento da mulher que dança em seus ossos, que respira em seus poros, que sonha em suas entranhas.

Muitas mulheres, após atravessar a maternidade, são sutilmente empurradas para o arquétipo da Anciã — como se, ao parir, ao cuidar, ao nutrir, tivessem cumprido sua missão de corpo e alma.
Como se já fosse hora de se recolher, de se resignar, de assistir o fogo do prazer se apagar lentamente.

Mas há algo em você que jamais envelhece.
Algo que pertence à essência do feminino primordial: a sua mulher selvagem, a sua mulher amante, a sua mulher viva.

Essa mulher não pode ser enterrada sob fraldas, escolas, horários e culpas.
Ela não pode ser esquecida no altar da maternidade como um tributo sacrificial.
Ela precisa ser chamada de volta. Ela precisa ser celebrada.

A sua sexualidade não é um capítulo encerrado porque agora você é mãe.
Ela é um novo livro, com páginas ainda mais densas, mais corajosas, mais reais.

O prazer que você sente agora não é o mesmo de antes.
É um prazer que carrega sabedoria.
É um prazer que conhece os ritmos da vida e da morte.
É um prazer que sabe que o êxtase é um caminho de cura.

Você não precisa se envergonhar por desejar.
Você não precisa se desculpar por querer ser tocada, olhada, reverenciada como a deusa que você é.
Você não precisa se convencer de que "essa fase já passou".
Essa fase, o prazer, a dança, o fogo — jamais passam.
Eles apenas mudam de forma.

O seu corpo é templo de passagem da vida, mas também é altar do amor, do êxtase, da criação contínua.

Não é preciso escolher entre ser mãe e ser mulher.
Não é preciso amputar suas asas para alimentar o mundo.

Ao contrário: quando você honra a mulher que habita em você,
quando você dança com seu próprio prazer,
quando você se permite sentir sem pedir permissão,
você se torna uma mãe mais viva, uma companheira mais autêntica, uma mulher mais inteira.

Ser mulher é uma jornada cíclica.
A cada fase, ela exige renascimento, coragem, entrega.
A cada fase, ela pede que você se olhe de novo, com olhos frescos, com mãos novas, com coração aberto.

Não pule etapas da sua vida por medo, por vergonha ou por cansaço.
Não atropele o tempo da mulher para caber no tempo da mãe.
Não sacrifique sua chama para se tornar apenas luz para os outros.

Você não foi feita para se apagar.
Você foi feita para pulsar.

E pulsar, minha querida, é um ato de amor radical consigo mesma.
É um compromisso com a vida que não termina quando o filho nasce.
É um compromisso com a vida que continua, floresce, amadurece e transborda em todas as direções.

Olhe para si.
Reveja seu corpo não como um instrumento de serviço, mas como a morada sagrada de uma mulher infinita.

Toque a sua pele como quem desperta uma floresta adormecida.
Sinta o seu ventre como quem celebra a fonte da criação.
Respeite seu desejo como quem reverencia o próprio sopro divino.

A mulher que você é não morreu.
Ela está aí, esperando ser chamada pelo seu próprio nome.

Ela é amante, é filha, é mãe, é anciã — mas, acima de tudo, ela é mulher.
E ser mulher é viver todos os seus papéis, todas as suas faces, sem excluir nenhuma, sem se fragmentar para caber em expectativas.

Ser mulher é aceitar a própria vastidão.
É honrar cada ciclo.
É dançar entre o sangue, o leite e o fogo, sabendo que tudo isso é uma única e magnífica expressão da vida.

Então lembre-se:
Você é mulher antes, durante e depois da maternidade.
Você é mulher agora.

E a vida, dentro de você, clama para ser vivida em sua inteireza.

Não se esqueça de si mesma.
Não esqueça sua dança.
Não esqueça sua sede.

O seu corpo é um convite para o sagrado, não um fardo a ser suportado.

E cada vez que você se lembra disso, você ensina às futuras gerações que uma mulher inteira é uma mulher que pulsa.
E que o prazer é um direito tão divino quanto a criação da vida.

Este é o seu chamado.

Este é o seu tempo.

Volte para si.

Volte para a mulher viva que você é.

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