O que é a Sexualidade Ancestral?

 

Sexualidade Ancestral não é um conceito moderno, não é moda espiritualizada, nem técnica para performance.


É lembrança. É chamado.


É um eco profundo da Terra dentro do teu corpo, sussurrando verdades que tua alma já conhece.

Ela não começa no clitóris, nem termina no orgasmo.
Ela nasce nas entranhas da tua linhagem.
Nos úteros que vieram antes de ti.
Nas mulheres que sangraram, pariram, amaram, gemeram e calaram — muitas vezes em silêncio.
É a memória da tua avó que nunca pôde escolher.
É a dor de tuas antepassadas que carregaram filhos nos braços e ausências no ventre.
É o fogo daquelas que dançavam nuas em clareiras, até que as fogueiras se tornassem sentença.
É tudo aquilo que nos arrancaram... mas que sobreviveu no fundo do nosso corpo.

A Sexualidade Ancestral não nos ensina a ser mais “boas de cama”.
Ela nos lembra de sermos donas do nosso templo.

É o ato sagrado de habitar teu corpo com inteireza.
É a coragem de abrir teu coração sem anestesia.
É a decisão de sentir, mesmo quando dói — porque ali mora tua verdade.
É o útero como oráculo, o prazer como altar, o corpo como caminho para o divino.

Sexualidade Ancestral é política.
Porque uma mulher que goza em paz é uma mulher que não pode ser dominada.
Porque uma mulher que honra sua libido como energia vital é uma ameaça para um sistema que lucra com sua repressão.

É alquimia.
Porque ela transforma culpa em poder.
Vergonha em brilho.
Dor em sabedoria.

É também espiritualidade encarnada.
Porque o orgasmo é ponte para estados expandidos de consciência.
Porque o toque certo abre portais no corpo que nenhuma reza solitária alcança.
Porque o prazer é uma oferenda.
Porque tua vagina pode ser mais sagrada que qualquer catedral.

A Sexualidade Ancestral não se vende em prateleira.
Ela se desperta.
Ela se desenterra.
Ela se dança.
Ela se chora.
Ela se reinventa no ritmo da tua coragem.

Quando nos conectamos com essa sexualidade mais profunda, percebemos que o desejo não é pecado.
Ele é bússola.
Ele aponta onde tua alma quer ir, mesmo que tua mente diga não.
Ele mostra onde tua vida está estagnada, onde tua energia parou de circular, onde você deixou de existir.

E não se trata apenas de sexo.
Se trata de vitalidade.
Se trata de como você se alimenta, se move, respira, se entrega, cria, manifesta.
Porque quando você está conectada com sua sexualidade ancestral, tudo em você pulsa.
Você transborda presença.
Você magnetiza.
Você cura só de estar.

É essa sexualidade que te torna oráculo e feiticeira.
É ela que desperta tua medicina única, tua voz bruxa, tua sabedoria do ventre.
É ela que te permite ser prazer e presença, sem precisar performar para ninguém.

 É ela que honra teu sangue como rezo.
Teu tesão como chama divina.
Teu corpo como rio sagrado.

A Sexualidade Ancestral é um chamado para voltar.
Voltar ao corpo, voltar à Terra, voltar à tua verdade.

E nesse retorno, você precisará atravessar os véus — os véus da vergonha, do medo, da opressão.
Mas do outro lado está você, nua de tudo o que não te pertence.
Inteira. Selvagem. Suave. Divina.

Uma mulher que se lembra de sua sexualidade ancestral, não apenas muda sua vida.
Ela muda o campo à sua volta.
Ela liberta suas filhas antes mesmo que nasçam.
Ela acolhe suas ancestrais dentro do seu útero e diz: “agora, vocês podem descansar”.

Porque finalmente alguém quebrou o ciclo.
Porque finalmente uma escolheu viver o prazer não como culpa, mas como sagrado.


E isso... isso é revolução.

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