
Desde os primórdios da história, nos sussurros dos mitos e nas entrelinhas das escrituras, a serpente foi pintada como vilã.
Mas a pergunta que poucas ousam fazer é: por que tanto medo da serpente?
Por que esse animal — símbolo de transformação, regeneração e sabedoria — foi condenado, demonizado, vilificado?
A resposta é mais simples e ao mesmo tempo mais profunda do que parece:
porque a serpente guarda o segredo mais perigoso para as estruturas de poder patriarcais — o conhecimento. E com ele, o despertar do prazer feminino.
A Serpente Não É o Mal — É o Despertar
No mito do Gênesis, Eva é seduzida por uma serpente a comer o fruto da árvore do conhecimento.
E ali, no coração desse símbolo, está o código oculto:
Eva não foi corrompida. Eva foi iniciada.
A serpente não levou à queda — levou à consciência.
Eva escolheu sentir.
Eva escolheu saber.
Eva escolheu despertar.
E foi justamente por isso que foi punida.
Não por desobedecer um Deus, mas por ousar tocar o conhecimento — o mesmo conhecimento que, quando vivido em um corpo feminino desperto, liberta.
Conhecimento e Prazer: As Duas Faces do Mesmo Mistério
No ocultismo, nas tradições tântricas, na sabedoria da Kundalini, a serpente representa a energia vital adormecida na base da coluna.
Ela dorme enrolada no osso sacro — o “sacro” porque ali habita o sagrado.
Essa serpente — chamada Kundalini — é energia pura.
Quando desperta, ela sobe pela coluna, ativando os chakras, iluminando o corpo, conectando o sexo com o espírito.
Ela une o céu e a terra dentro da mulher.
Ela desperta o corpo.
Desperta o coração.
Desperta o prazer.
E mais: desperta o poder.
A mulher que ativa sua serpente interna sente mais, vê mais, escolhe mais.
Ela não é mais moldável, obediente, silenciosa.
Ela não se satisfaz com migalhas.
Ela começa a escutar o seu corpo como oráculo.
Seu ventre como templo.
Sua intuição como bússola.
E isso, para uma sociedade que se sustenta no controle do corpo feminino, é um perigo.
O Prazer Que Liberta Assusta
Ao longo dos séculos, o prazer feminino foi transformado em tabu.
Não porque ele é profano — mas porque é divino demais para ser controlado.
O prazer feminino verdadeiro — aquele que nasce do útero, que pulsa no clitóris como chama viva, que vibra na garganta em gemidos de criação — é um portal de poder.
A mulher que se conhece em seu prazer, que se toca com consciência, que se expande com seus próprios ciclos — é uma mulher soberana.
Ela não depende.
Ela não se submete.
Ela não se cala.
Por isso, desde os tempos antigos, tentaram calar esse corpo.
Chamaram a serpente de satânica.
Chamaram o útero de impuro.
Chamaram o prazer de pecado.
Mas o que estavam tentando esconder?
Que o corpo da mulher é a encarnação do divino feminino.
Que o prazer da mulher é um canal de iluminação.
Que a serpente que habita em cada uma de nós é, na verdade, a chave do retorno.
A Serpente Nas Tradições Antigas: De Deusa a Demônio
Antes do cristianismo, a serpente era símbolo da Deusa.
Na Mesopotâmia, serpentes eram associadas a Inanna, deusa da sexualidade e da sabedoria.
No Egito, a serpente Uraeus era usada na coroa dos faraós como símbolo de visão espiritual e autoridade divina.
Na Grécia antiga, Asclépio, deus da cura, segurava um bastão com uma serpente enrolada — hoje símbolo da medicina.
Na tradição africana, Mami Wata, uma divindade da água, é representada com serpentes, guardiã do mistério e do desejo.
Em todos os cantos da Terra, a serpente era mestra, guia, símbolo de poder feminino.
Até que os novos dogmas chegaram.
E com eles, o medo do corpo.
O medo do prazer.
O medo da mulher que conhece demais, sente demais, é demais.
A serpente, então, foi arrancada do altar e colocada como inimiga.
Mas ela nunca deixou de sussurrar dentro de nós.
O Retorno da Serpente: A Mulher Que Queima os Véus
Hoje, muitas mulheres estão se lembrando.
Não com a mente. Mas com o corpo.
Com o pulsar no ventre.
Com o arrepio nas costas.
Com o choro que vem no orgasmo.
Com a sensação de que existe algo mais profundo, algo além do que foi ensinado.
E esse algo é a serpente despertando.
Ela sussurra:
“Você não nasceu para servir.
Você nasceu para criar.”
“Você não é impura.
Você é portal.”
“Você não é perigosa.
Você é poderosa.”
Cada vez que uma mulher se masturba com presença, ela honra a serpente.
Cada vez que uma mulher escolhe seu prazer, ela ativa a serpente.
Cada vez que uma mulher diz não ao que fere e sim ao que expande, ela liberta a serpente.
E a serpente, quando livre, sobe.
Ela dança.
Ela cura.
Ela transforma.
O Prazer É o Caminho de Volta ao Jardim
O mito dizia que Eva foi expulsa do paraíso.
Mas o que não contaram é que o paraíso não era um lugar. Era um estado.
E que o caminho de volta não é feito por obediência — mas por consciência.
Por desejo sagrado.
Por autoamor.
Por presença no corpo.
A serpente nunca nos tirou do paraíso.
Ela nos mostrou que o verdadeiro paraíso estava dentro.
O prazer é esse retorno.
O toque consciente.
O orgasmo profundo.
A expansão da alma no calor do ventre.
Quebrando o Último Tabu
Sim, o prazer feminino ainda é um dos maiores tabus.
Porque uma mulher orgástica é uma mulher empoderada.
Porque uma mulher que se toca se torna livre.
E liberdade feminina sempre assustou sistemas que se sustentam na culpa, na repressão e no controle.
Mas esse tempo está mudando.
A serpente está voltando.
Nas práticas tântricas.
Nos bastões de cristal.
Nas rodas de mulheres.
Nos corpos que se libertam.
Nos úteros que voltam a sangrar com orgulho.
Nas vozes que não pedem mais desculpas por serem intensas, sensuais, espirituais e selvagens.
O Conhecimento Que Ninguém Pode Roubar
A verdadeira revolução acontece quando a mulher se lembra de si.
Quando ela para de buscar fora.
Quando ela fecha os olhos, respira fundo, toca seu corpo e encontra lá dentro o que o mundo tentou apagar:
a Deusa, a Serpente, a Sabedoria, o Prazer.
O conhecimento proibido nunca foi uma maçã.
Foi o corpo.
Foi o prazer.
Foi o sentir.
E ele está de volta.
Com força, com beleza, com verdade.
Porque a serpente que mora em você não dorme mais.
Te convido a vir PULSAR comigo, dia 14/05 às 20h no Espaço Amaresh.
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