
Há uma força ancestral que desperta silenciosamente quando a lua minguante se aproxima do ventre feminino.
É a mulher pré-menstrual.
Não a desequilibrada como a chamaram.
Não a instável, descontrolada, exagerada.
Mas sim…
A mulher-oráculo.
A feiticeira das camadas.
A que vê através.
A que sente com mil peles.
A que escuta os véus entre os mundos sussurrarem o que é verdade.
Na fase pré-menstrual, a mulher não enlouquece.
Ela enxerga.
Ela percebe o que não está em ordem.
Ela sangra por dentro antes do sangue vir.
Ela antecipa o que precisa morrer — para que a alma dela não morra junto.
A sensibilidade aumenta porque a alma se expande.
A irritação não é raiva gratuita, é bússola:
algo está desalinhado.
algo precisa ser dito.
algo precisa ser sentido com coragem.
É por isso que ela se cala, se afasta, se recolhe.
Não por fraqueza, mas por força.
Por sabedoria intuitiva.
Essa mulher é profundamente detalhista.
Capta nuances que ninguém vê.
Notas tudo.
Energias que tentam colar no seu campo.
Mentiras escondidas nas entrelinhas.
Tudo isso toca sua pele com a precisão de uma flecha.
E então ela se torna indomável.
Desajusta-se do mundo externo para se ajustar ao interno.
O útero pulsa códigos de verdade.
Os olhos lacrimejam porque estão lavando o que não serve mais.
A carne se contrai porque está parindo uma nova versão de si.
Essa mulher não quer conversa rasa.
Ela quer mergulhos.
Quer silêncio que cura, não ausências que ferem.
Quer presença.
Quer palavras que digam o que realmente é.
Ou então… que o silêncio diga tudo.
Essa é a mulher que antecipa o sangue.
Que vive o luto antes da renovação.
Que entra no templo interno com um aviso ao mundo:
Agora sou eu comigo. E isso basta.
Honrar a fase pré-menstrual é respeitar a ancestralidade que pulsa no ventre.
É deixar a sacerdotisa interna conduzir o ciclo,
sem medo do que virá,
sem tentar tapar as dores com distrações.
Sem tentar ser produtiva, leve e sorridente o tempo todo.
Porque há algo sagrado em despir-se de todos os papéis.
E lembrar: antes de ser mãe, esposa, profissional ou curadora…
você é mulher. E isso é imenso.
Sim, mulher...
Na tua fase pré-menstrual, o mundo pode até te chamar de “difícil”, mas o que ninguém te conta é que, nesse momento, você é o oráculo da própria existência.
É quando tua alma vem à tona nua, sem filtros, sem maquiagem emocional.
É quando a máscara social já não se sustenta, e tudo o que foi engolido começa a fermentar dentro.
O corpo não suporta mais fingimentos.
Nem o teu, nem o dos outros.
Porque nessa fase, o corpo não mente.
O corpo grita.
O corpo expulsa, alerta, tensiona, rejeita.
Ele vira mensageiro direto do inconsciente.
Você se torna uma devassa da verdade —
não por rebeldia, mas por integridade.
Nessa fase, você saca quando alguém está apenas te tolerando.
Você sabe quando está sendo olhada, mas não enxergada.
Sabe quando está dando demais, recebendo de menos, ou ocupando um espaço que já não te serve.
Seu instinto não é drama.
Seu desconforto não é "frescura".
É radar em alta frequência.
É o animal sagrado em você farejando incoerências.
E é justamente por isso que essa fase é tão crucial na vida de uma mulher desperta.
É nessa travessia que você colhe os frutos ou as fraturas do que plantou nas fases anteriores.
É onde os desequilíbrios se revelam.
Onde você encontra as vozes abafadas dentro de si:
aquela que você não ouviu,
a que você ignorou por medo de perder alguém,
a que você sufocou para não desagradar.
Tudo isso emerge.
E se você for corajosa o bastante para não fugir de si,
esse momento se transforma em uma iniciação.
Um rito lunar.
Um oráculo selvagem onde você olha nos olhos da sua própria sombra — e a acolhe.
Porque não há mulher completa que não tenha feito as pazes com sua escuridão.
E é aí, exatamente aí, que você se fortalece.
É nessa fase que você pode perceber:
— Estou cansada de me calar.
— Estou precisando de mais prazer.
— Não me sinto valorizada onde estou.
— Minha alma pede silêncio.
— Quero mudar tudo.
Esse é o ventre que está prestes a sangrar dizendo: “Limpe. Corte. Cure. Liberte-se.”
Então, não se assuste com a sensibilidade.
Ela é tua aliada, não teu fardo.
Não fuja da raiva: ela aponta os limites violados.
Não tema o cansaço: ele mostra onde você está se traindo.
Seja honesta consigo. Esse é o melhor presente que você pode se dar.
A mulher pré-menstrual é a mulher das decisões não adiadas.
É a mulher que não quer mais se convencer de que está tudo bem.
Ela quer sentir o que é verdadeiro,
ela quer se honrar sem concessões.
E é por isso que o mundo moderno não sabe lidar com ela.
Porque ela não quer disfarçar.
Ela quer atravessar.
E se você tiver sabedoria para escutar seus ritmos —
você descobrirá que ali,
entre uma lágrima e uma explosão,
está o chamado mais puro da sua alma.
Essa é a fase de se resgatar.
De silenciar a mente para escutar o corpo.
De colocar as mãos no ventre e perguntar:
O que está me doendo? Onde me perdi? O que eu preciso encerrar?
Seja fiel a si.
Diga não quando quiser dizer não.
Chore.
Grite.
Recolha-se.
Crie.
Reescreva suas histórias.
Porque quando a mulher honra sua fase pré-menstrual,
ela deixa de ser escrava dos seus ciclos
e se torna sacerdotisa do seu tempo.
Ela aprende que nem tudo é pra ontem.
Que há poder no descanso.
Que há sabedoria no silêncio.
Que há beleza na intensidade.
E acima de tudo,
ela aprende que sangrar é sagrado.
Que morrer e renascer a cada mês é uma arte.
E que seu corpo é um altar vivo de transformação.
Mulher, não tema tuas marés.
Sê tua própria lua.
Oscile, sim — com propósito, com presença, com potência.
Esse é o chamado da tua essência.
Esse é o caminho de volta ao teu templo.